Faz uma década desde que o Gamergate aconteceu, e a sociedade não parece ter avançado muito no aspecto de respeitar as mulheres. Aos que não lembram, o Gamergate foi uma campanha online para assediar mulheres envolvidas na indústria gamer, mais especificamente, as desenvolvedoras Zoe Quinn, acusada de dormir com jornalistas para receber notas boas nas reviews de seu jogo, Brianna Wu, e a jornalista Anita Sarkeesian.
O movimento evoluiu muito mais do que apenas uma onda de insatisfação sobre o trabalho delas, incluindo ameaças de crimes hediondos contra cada uma delas e suas respectivas famílias. Brianna Wu foi entrevistada brevemente pela Sky News, e comentou que na época até mesmo as suas contas bancárias foram hackeadas para tentar destruir o seu estúdio de desenvolvimento de jogos. As coisas ficaram tão fora de controle que o FBI precisou se envolver.
Um relatório recente do mesmo site que entrevistou Wu, revelou que, apesar de ter acontecido uma diminuição de casos de assédio contra mulheres em jogos, dois terços das mulheres ainda passam por essa situação. O estudo foi conduzido por Jenny McBean da Bryter, e entrevistou cerca de mil jogadoras dos Estados Unidos e Reino Unido.
A mesma pesquisa já havia sido feita em 2022, revelando que 72% das mulheres relataram já ter passado por alguma situação do tipo em jogos online. No ano passado, esse número caiu para 65%, mas ainda é um valor preocupante.
A natureza do assédio contra mulheres
O relatório descreve que os problemas geralmente começam com comentários machistas, e podem evoluir para ameaças mais graves como violência física e até mesmo violação. Uma das jornalistas que participou do estudo contou ter sido alvo de assédio após ser identificada como mulher em sua foto de perfil, sendo chamada de “nojenta” e até mesmo “pedófila” apenas por causa de seu gênero.
Apesar de jogos como Call of Duty terem uma espécie de filtro para o chat de voz, muitos jogadores utilizam o Discord durante as partidas, que não possui nenhum tipo de filtro. As denúncias podem ocorrer apenas por causa de mensagem de texto, que é o recurso menos utilizado pelos jogadores.
Eu mesma já fui vítima de assédio diversas vezes, eu sempre usei um nome de usuário que deixava bem claro que eu era mulher, o que talvez complicasse um pouco as coisas para o meu lado. A porcentagem de assédio ter diminuído é um bom sinal, mas como os números ainda são altos, fica claro o quanto ainda precisamos evoluir para melhorar essa situação.