Desde seu anúncio, A Forma Final gerou grandes expectativas dos jogadores de Destiny 2, já que a expansão tinha a complicada missão de botar ordem na casa após os tropeços cometidos pela Bungie nos últimos anos, agravados com a expansão A Queda da Luz.
Com a promessa de botar a franquia de volta nos trilhos, a nova expansão traz uma série de mudanças estruturais para Destiny 2, desde mudanças na progressão até mesmo a maneira como novos conteúdos serão adicionados ao jogo, abandonando o tradicional sistema de temporadas para trazer o novo modelo episódico. Mas será que tais mudanças são o suficiente para trazer Destiny 2 de volta ao topo? Confira agora em nossa análise da campanha e dos novos sistemas de Destiny 2: A Forma Final.
O coração de uma entidade
A campanha de A Forma Final começa exatamente de onde a última temporada de A Queda da Luz terminou, com a Vanguarda e os Guardiões desesperadamente procurando alternativas para seguir a Testemunha, que possuiu o Viajante durante os eventos finais de A Bruxa-Rainha.
Após encontrarem uma maneira de abrir um portal, seu Guardião finalmente obtém respostas para um dos maiores mistérios de Destiny: O que tem dentro do Guardião? E para a nossa surpresa, a resposta é… tudo.
Com visuais de cair o queixo e repleto de elementos nostálgicos, o novo mapa chamado de Coração Pálido é tudo o que os jogadores de Destiny 2 pedem a anos. Estruturado quase que totalmente de maneira horizontal, localizar objetivos, setores perdidos e eventos de patrulha do mundo aberto se tornaram extremamente simples e intuitivos, diminuindo quase que em 100% a sensação de ”como eu chego ali?” que os mapas de expansões anteriores causavam constantemente.
A nova abordagem estimula a exploração, o que acaba dando mais vida útil aos eventos de mundo aberto, que tem a tradição de ficarem vazios horas após o lançamento de uma nova expansão. Tais mudanças na estrutura do mapa casam perfeitamente com o novo sistema de progressão, que detalharemos mais adiante na análise.
Guardião, proteja o Viajante
A história de A Forma Final tomou um rumo bem diferente do que eu e vários fãs tinhamos em mente, principalmente após a revelação do retorno de Cayde-6, que havia sido morto em Forsaken. Era esperado que Cayde fosse a estrela de A Forma Final, dada a popularidade do personagem, mas… Não, a Bungie tinha outros planos em mente.
Zavala, o líder da Vanguarda, é o foco de boa parte da narrativa da expansão, tocando em partes de sua história nunca antes aprofundados, em especial seus traumas e o destino de sua família. Ao longo da jornada, segredos a respeito do passado do personagem são revelados pela Testemunha, que usa sem escrúpulos a dor de Zavala para convence-lo a mudar de lado.
Corvo, o responsável pela morte de Cayde-6 também ganha destaque no roteiro, sendo alvo de muitas das piadas de Cayde a respeito dos acontecimentos em Forsaken. Após ter se tornado um aliado dos Guardiões, Corvo finalmente teve o desenvolvimento que o personagem tanto necessitava, se tornando uma figura chave para o desenrolar da trama.
Cayde também recebe um bom tempo de tela, e em nenhum momento o retorno do personagem deixa a impressão de ser uma ”medida desesperada” da Bungie para reatar laços com fãs antigos. Fica claro que as intenções da Bungie sempre foram a de trazer o personagem no último capítulo de Destiny 2, usando a sua morte para responder algumas perguntas bem antigas que os jogadores tinham desde o primeiro Destiny.
Não apenas isso, mas o personagem também ganha mais profundidade, com elementos de seu passado sendo trazidos a tona, trazendo uma carga adicional de drama ao enredo. Com suas piadas sempre muito bem encaixadas no roteiro, o retorno de Cayde foi um dos maiores acertos de toda a campanha de A Forma Final.
E claro, não podemos falar sobre a campanha sem mencionar sua figura principal: A Testemunha. O vilão maior de toda a franquia Destiny finalmente ganhou o desenvolvimento que merecia, se tornando um dos melhores vilões de toda a franquia, rivalizando com Crota e Oryx entre as figuras vilanescas mais marcantes de Destiny.
A todo o momento somos lembrados da presença da entidade no Coração Pálido das mais diversas maneiras. Visões do passado, promessas para o futuro, cavernas corrompidas, conversas telepáticas… A Testemunha marca presença durante toda a campanha, se tornando de fato O astro de A Forma Final, finalmente recompensando os jogadores que se sentiram desmotivados com o vilão após A Queda da Luz.
A nova facção trazida pelo vilão também se mostra extremamente interessante, reunindo inimigos já conhecidos pelos fãs antigos da franquia, em uma nova roupagem e mais poderosos do que nunca.
O roteiro se desenrola extremamente bem, carregado com todo o drama digno de um capítulo final, trazendo surpresas e reviravoltas, além de responder algumas perguntas que estavam no ar a anos, mas claro, criando algumas outras.
Apesar de ser mais fácil do que as campanhas de A Bruxa-Rainha e A Queda da Luz, A Forma Final é bastante desafiadora, especialmente se jogada na dificuldade Lendária. A campanha tem a duração de cerca de 6 horas, o que para os padrões de Destiny, é um bom tempo de campanha, já que a narrativa se dispersa para diversas outras atividades após o seu final.
Os encontros com os chefes são bem diversos, obrigando o jogador a mudar a abordagem para cada um deles, se adaptando a seus padrões de ataque e até mesmo a estrutura da arena.
Apesar da ultima missão da história ainda não estar disponível na data de publicação dessa análise, com previsão para ser liberada no dia 7 de junho após a conclusão da já tradicional corrida para ser o primeiro grupo a concluir a nova raid, é possível afirmar que a campanha de A Forma Final é uma das melhores campanhas da história de Destiny, colocando a franquia no caminho certo para o futuro, seja no formato de uma nova expansão ou em Destiny 3.
O novo formato episódico para a entrega de novo conteúdo de história se torna extremamente promissor, pavimentando o caminho para o início de uma nova era para Destiny.
Luz e Treva, unidos
Com uma nova expansão, claro que os Guardiões também recebem novos poderes, e dessa vez a Bungie trouxe algo inédito para a franquia. Após termos acesso a poderes tanto da Luz quanto da Treva, e mais recentemente os poderes do Filamento em A Queda da Luz, a nova subclasse de A Forma Final une Luz e Treva, criando uma nova fonte de poder para os Guardiões.
Chamada de subclasse prismática, a nova adição ao panteão de poderes de Destiny 2 permite que os jogadores tenham um leque de opções de habilidades extremamente vasto, já que agora é possível combinar habilidades de diferentes elementos, independente de qual super esteja ativo.
Além de permitir misturar habilidades antigas de diferentes elementos, novas habilidades ativas e passivas exclusivas da subclasse prismática também podem ser desbloqueadas, algumas através da campanha principal, enquanto outras estão escondidas em Jornadas e outros conteúdos secundários.
O novo sistema promete trazer a criatividade de volta para o sistema de classes de Destiny 2, além de corrigir um dos grandes problemas a respeito da jogabilidade, que por muitas vezes restringia a maneira que os jogadores deveriam jogar em conteudo endgame, já que havia no máximo 2 a 3 builds realmente viáveis para a conclusão de masmorras e raids.
Adeus contratos, olá Desbravamento
O sistema de progressão em atividades diárias sofreu uma reformulação quase que completa, removendo os infames contratos. No lugar dos antigos contratos, A Forma Final introduz o sistema de Desbravamento.
Se tratando de uma série de objetivos que se ligam uns aos outros, o novo sistema remove o sentimento de obrigação que muitos jogadores tinham de abrir o jogo todos os dias para pegar os contratos diários, instigando o jogador a jogar da maneira que quiser, sem se prender a objetivos como ”mate 250 possuídos com uma arma específica”, além de promover a participação em diferentes atividades, como o modo PvP Crisol, Assaltos da Vanguarda e o novo modo Investida.
Os contratos também foram removidos das atividades de mundo aberto, que passaram a adotar o sistema de Desbravamento, tornando a exploração e participação em eventos no Coração Pálido extremamente dinâmicos e prazerosos de se fazer, já que não existe mais obrigação de jogar de uma maneira específica para completar contratos.
Recompensando com EXP do passe de batalha, progressão no ranking das atividades e engramas, o novo sistema é um passo na direção certa, mostrando que a Bungie está realmente empenhada em ouvir o feedback dos jogadores e corrigir os problemas.
Um futuro promissor
Após os tropeços em anos e expansões anteriores, A Forma Final é o que Destiny 2 precisava para recuperar a confiança de seus jogadores, dos casuais que só querem curtir uma boa história e vez ou outra repetir um assalto até dos jogadores hardcore que irão passar horas destrinchando as raids e grindando assaltos mestre e setores perdidos.
Não há momento melhor para voltar a jogar Destiny 2 do que agora, assim como também não há momento melhor para iniciar em Destiny 2 do que agora, já que A Forma Final apesar de passar um sentimento de despedida para Destiny 2, deixa uma boa impressão para o que podemos esperar para o futuro da franquia.
A cópia usada para essa análise foi gentilmente cedida pela Bungie, jogada na versão para PlayStation 5.