Ghost of Tsushima era um dos exclusivos de PlayStation que ainda não tinha tido a oportunidade de experimentar, mas isso mudou com o lançamento dessa nova versão. Lançado originalmente em 2020, o jogo recebeu uma versão aprimorada para PlayStation 5 em 2021, chamada Director’s Cut, que trouxe melhorias gráficas e a expansão “Ilha Iki”. Agora, esta versão finalmente chega ao PC, oferecendo melhorias adicionais e suporte a funcionalidades específicas para computadores. Nesta análise, vamos explorar o jogo em detalhes e avaliar sua adaptação para a plataforma PC.
O Samurai
Nossa história se passa na Ilha de Tsushima, no Japão, durante o final do século XIII. Assumimos o papel de Jin Sakai, um lorde samurai criado por seu tio, Lorde Shimura. Através de diversos flashbacks, compreendemos a criação de Jin, marcada por um forte foco na honra e no código samurai, elementos essenciais para entender o personagem e seus conflitos internos.
Nossa jornada com Jin começa durante a primeira invasão mongol à Ilha de Tsushima. Os samurais tentam montar um plano de defesa e desafiar os invasores em um duelo, mas os mongóis lutam de forma diferente, desonrada e brutal. O choque é imenso e o conflito se inicia, em meio a esse caos, Lorde Shimura é sequestrado e tentamos resgatá-lo. No entanto, ao seguir os métodos tradicionais do código samurai, falhamos, e Jin é gravemente ferido. Ao acordar, ele descobre que grande parte da ilha foi tomada e que o povo de Tsushima vive recluso, escondido e tentando sobreviver.
Jin se vê em uma encruzilhada, percebe que as lições que aprendeu talvez não sejam suficientes para derrotar os mongóis. Determinado a se tornar a esperança de seu povo e uma ameaça aos invasores, ele começa a abandonar a honra tradicional em busca de novas técnicas e metódos. Seu objetivo é resgatar seu tio, derrotar o líder mongol Khotun Khan e recuperar a ilha de Tsushima para seu povo.
A narrativa se desenrola através de diálogos e cenas entre os personagens, enquanto avançamos com Jin. Ghost Of Tsushima também exibe cenas do Lorde Shimura em possíveis negociações com Khotun Khan e também apresenta flashbacks de Jin. A história é bem contada, fortemente centrada em seus personagens e conta com excelentes reviravoltas que mudam o rumo da trama. Durante as missões, passamos muito tempo acompanhados de personagens secundários muito interessantes, as cenas também são de uma qualidade impecável, enriquecendo ainda mais a experiência narrativa.
O Fantasma
À medida que Jin abandona parte do código samurai, ele começa a se tornar uma lenda na ilha, conhecido como o Fantasma de Tsushima. No entanto, ele ainda precisa lidar com o conflito interno entre o código de honra samurai e os métodos mais eficientes para eliminar os mongóis.
Esse conflito é apresentado na jogabilidade de forma muito interessante. Podemos desafiar os mongóis para combates diretos, enfrentando ondas de inimigos com uma série de habilidades e posturas samurais conhecidas por Jin, derrotando-os de forma honrada conforme o código samurai. Alternativamente, podemos assumir a lenda do Fantasma de Tsushima, utilizando métodos mais sutis para eliminar os mongóis sem sermos vistos ou detectados. Para isso, faremos uso de um conjunto de ferramentas, arco e flecha, e uma pequena espada para assassinar nossos alvos.
Optei por experimentar Ghost of Tsushima de forma mista, alternando entre abordagens mais diretas, enfrentando diversos inimigos simultaneamente, e outras utilizando todas as técnicas de furtividade para garantir uma passagem mais facilitada pelos conflitos que o jogo oferece.
Contudo, nem sempre podemos deixar a honra de lado. O Ghost Of Tsushima também oferece os Duelos, que funcionam como lutas contra chefes. Nessas batalhas, as habilidades e a experiência de combate do jogador são essenciais. A variedade de chefes é grande, cada um com diferentes armas e golpes e muitas vezes essas lutas são acompanhadas de cenas cinematográficas excelentes, proporcionando um espetáculo tanto para ser jogado quanto assistido.
A Ilha de Tsushima e estrutura da campanha
A campanha é dividida em três atos, cada um com um objetivo principal. Para progredir, completamos os “contos,” que funcionam como missões principais e contribuem para a execução do objetivo definido pelo ato em questão. Interessante que alguns contos nos apresentam novos personagens, levando a contos secundários e místicos que permitem aprofundar ainda mais na trama e conhecer melhor os personagens.
Em geral, as missões são simples em sua estrutura e objetivos. No entanto, a forma como a narrativa se desenrola, os diferentes cenários e situações que enfrentamos para completar as missões, tudo isso contribui significativamente para a experiência. É preciso destacar as missões finais de cada ato, são todas excelentes tanto na parte da história quanto na estrutura das missões.
O jogo é de mundo aberto e podemos explorar toda a ilha de Tsushima que é um personagem à parte nessa experiência. Além de ser o palco para os diversos contos principais e secundários, ela oferece uma variedade colossal de pequenas atividades, todas extremamente satisfatórias, rápidas e recompensadoras. Podemos realizar desafios de escalada, duelos secundários, desafios do bambu ou simplesmente limpar um acampamento mongol.
Jin Sakai e sua progressão
Além do desenvolvimento de personagem pelo qual acompanhamos Jin passar, também trabalhamos extensivamente em sua progressão de jogabilidade, que é bem vasta. Todas as atividades disponíveis na Ilha de Tsushima contribuem para a evolução de Jin de maneiras diferentes. Derrotar um acampamento mongol, por exemplo, nos garante um ganho de lenda, que funciona como nossa experiência e nos concede pontos de habilidade.
Há uma boa variedade de habilidades passivas, ativas e místicas que podemos utilizar, juntamente com diferentes ferramentas, como bombas de fumaça, kunais ou gancho. Isso nos oferece um leque diversificado de opções de combate, seja no modo samurai ou no modo fantasma, garantindo que a jogabilidade continue interessante e envolvente.
A melhoria dos nossos itens também é parte crucial da progressão. Temos diferentes armaduras que oferecem variados efeitos e podem ser aprimoradas, além da katana e do arco, que também podem receber melhorias. Além disso, podemos equipar diversos amuletos para aumentar a defesa ou a vida. Todo esse conjunto contribui para a evolução de Jin, proporcionando uma grande abertura para personalização visual, como trocar a bainha da katana, as cores das roupas, a sela do cavalo, e muito mais.
Modo Lendas e Ilha Iki
É uma surpresa muito bem-vinda descobrir que Ghost Of Tsushima possui um modo multiplayer também, conhecido como Lendas, que pode ser jogado com até quatro pessoas. No computador, é necessário criar uma conta na PlayStation Network para ter acesso ao modo. Ele é bastante divertido e expande muito os fundamentos da jogabilidade apresentada na campanha original mas trazendo novos elementos à jogabilidade, como diferentes classes e inimigos assim criando uma boa variedade entre cada modo de jogo.
E por fim, a versão Director’s Cut inclui também a DLC “Ilha Iki”, que oferece uma nova campanha com aproximadamente três a quatro horas de duração, além de um novo mapa para explorarmos. Essa expansão traz novas habilidades, como a possibilidade de atropelar inimigos com o cavalo, e algumas novas atividades secundárias adicionais. No entanto, a DLC não busca reinventar o jogo de forma alguma; seu objetivo principal é expandir o que já foi estabelecido, oferecendo algumas horas a mais de uma campanha interessante e divertindo o jogador.
Ghost Of Tsushima no PC e seus aspectos técnicos
É realmente necessário elogiar muito o porte para PC de Ghost Of Tsushima. O jogo chega com uma otimização excelente, oferecendo diversas opções gráficas e tecnologias modernas proporcionadas pelas placas de vídeo da NVIDIA, como DLSS3 e Frame Generation, para garantir uma experiência suave.
Além dessas tecnologias, Ghost Of Tsushima traz suporte a diversos tipos de monitores e aspectos para fornecer uma visão ainda mais ampla da ação. Com suporte ao formato ultrawide (21:9), super ultrawide (32:9) e até ao formato de monitores triplos 48:9.
Inicialmente, comecei jogando Ghost of Tsushima no teclado, mas decidi experimentar com o DualSense e não consegui mais voltar para o teclado depois de sentir o DualSense no computador. Todas as funções, desde o feedback háptico até os gatilhos adaptáveis, estão disponíveis na versão para PC. O jogo no mouse e teclado também funciona bem, permitindo que alteremos todas as teclas para jogarmos da maneira que preferirmos.
Tudo isso é para oferecer um jogo de beleza esplêndida. Os gráficos podem não ser os mais deslumbrantes da geração, mas a direção de arte, o jogo de luz e o movimento do ambiente ao seu redor conferem uma vida única ao jogo, transformando paisagens mundanas em verdadeiras obras de arte. Cada screenshot tirada de Ghost Of Tsushima revela ainda mais suas belezas. Tudo isso, somado a uma trilha sonora épica que se destaca em lutas contra chefes e em cenas específicas, faz deste pacote um presente para os jogadores de PC, que merece ser apreciado com calma.
Ghost Of Tsushima no Steam Deck
Toda essa excelente otimização para a versão de computador de Ghost of Tsushima garante a possibilidade de jogá-lo em portáteis como o Steam Deck, indicando que o jogo é compatível com o SteamOS do Steam Deck e roda de maneira satisfatória, sem apresentar bugs ou problemas nos controles.
Contudo, o título não é “Deck Verified” pois precisa do Windows para fazer o launcher da PlayStation funcionar e permitir jogar o modo Lendas. Durante minhas horas de jogo, passei cerca de 10 horas jogando no Steam Deck. A qualidade gráfica foi ajustada para o portátil, mas isso não prejudicou minha experiência. O jogo rodava a cerca de 40 frames por segundo na qualidade média e resolução de 800p, com a bateria durando entre duas a três horas. Levar todo esse mundo aberto, com conteúdo e jogabilidade excelentes, para um portátil e ainda ter uma experiência ótima é exatamente o que o Steam Deck oferece junto com Ghost of Tsushima.
Vale a pena comprar Ghost of Tsushima director’s cut?
Sem dúvida, vale muito a pena jogar Ghost of Tsushima director’s cut! Passei cerca de 33 horas imerso em Ghost Of Tsushima e enquanto escrevo esta análise, mal posso esperar para retornar à Ilha de Tsushima e continuar explorando suas atividades secundárias. Além disso, pretendo me aventurar mais no modo Lendas e simplesmente me divertir ainda mais com o jogo. Tudo o que o Ghost Of Tsushima oferece é feito com maestria, é interessante e proporciona uma experiência divertida. Sua parte técnica é excelente, e a versão para computador é de alta qualidade.
