Se você assim como eu cresceu jogando a franquia Assassins desde o seu surgimento, sabe que os games da franquia exploram diversas época da história, e que dentro disso acompanhamos a ordem dos assassinos. E o único jogo que foge disso é Rogue que mostra os assassinos sob outra perpectiva, e é justamente dele que iremos falar hoje, um dos melhores e infelizmente mais esquecidos jogos da franquia da Ubisoft.
Assassin’s Creed é uma das franquias de jogos mais famosa da indústria de games, trazendo ao longo dos anos uma rica mistura de história e ficção com personagens icônicos e cenários de tirar o fôlego. Em meio a títulos altamente aclamados como Assassin’s Creed II, Black Flag e Origins, existe um jogo que, apesar de sua relevância e inovações, acabou sendo subestimado: Assassin’s Creed Rogue. Lançado em 2014, Rogue é frequentemente descrito como um dos jogos mais esquecidos da série, embora tenha uma história incrível, mecânicas aprimoradas e uma perspectiva única que é diferente da tradicional disputa entre Assassinos e Templários.
Neste artigo, vamos explorar o que faz de Assassin’s Creed Rogue uma joia subvalorizada da franquia, começando por sua narrativa, personagens, inovações de gameplay e a razão pela qual o jogo não recebeu a atenção que merecia.
Siga o Manual dos Games nas redes sociais e não perca uma novidade!
A história de Assassin’s Creed Rogue
Assassin’s Creed Rogue se passa durante o século XVIII, mais precisamente entre os eventos de Assassin’s Creed IV: Black Flag e Assassin’s Creed III, enquanto a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) moldava os destinos de nações. O jogador assume o controle de Shay Patrick Cormac, um jovem irlandês que começa sua jornada como um dedicado membro da Ordem dos Assassinos, mas que eventualmente se volta contra seus antigos companheiros e se alinha com os Templários.
A virada de Shay é o ponto central da trama e a razão pela qual Rogue se destaca em termos narrativos dentro da franquia. Pela primeira vez, o jogador experimenta a perspectiva dos Templários, inimigos tradicionais da série. Essa inversão de papéis oferece uma abordagem única para a eterna guerra entre Assassinos e Templários, desafiando as noções predefinidas de “heróis” e “vilões”.
O arco de Shay é profundamente pessoal. No início do jogo, ele é um Assassino fiel e determinado a seguir os ideais de liberdade e justiça da Irmandade. No entanto, uma missão crucial em Lisboa muda tudo. Encarregado de recuperar um artefato Isu, Shay inadvertidamente causa o terremoto devastador que destrói a cidade em 1755. Este evento traumático abala sua fé na Irmandade e o faz questionar os métodos dos Assassinos, que parecem dispostos a sacrificar vidas inocentes em nome de um bem maior. A transformação de Shay de Assassino em Templário, movido por uma busca por ordem e estabilidade, é um dos arcos mais ricos e bem construídos que já pode presenciar dentro de um game.
À medida que Shay se torna um caçador de Assassinos, o jogo explora a moralidade ambígua dos dois lados do conflito. Tanto Assassinos quanto Templários são retratados de forma mais complexa, e Rogue desafia a visão maniqueísta que muitos fãs da franquia haviam adotado até então, tendo os Assassinos como heróis incontestáveis. Shay acredita que, ao unir-se aos Templários, ele pode impedir que os Assassinos causem mais destruição em sua busca pelo conhecimento dos artefatos antigos. Essa nuance narrativa faz de Assassin’s Creed Rogue uma das histórias mais intrigantes e subversivas da franquia.
Conexões com o universo de Assassin’s Creed
Outro fator que torna Rogue uma peça importante no quebra-cabeça da franquia é a forma como ele conecta diretamente diversos jogos, especialmente Assassin’s Creed III e Assassin’s Creed IV: Black Flag. A história de Shay Cormac tem ligações com esses títulos, o que o torna uma espécie de ponte narrativa. Personagens como Haytham Kenway, o Templário e pai de Connor Kenway (protagonista de AC III) e Aquiles Davenport (Mentor assassino de Connor), desempenham papéis importantes na trama de Rogue. A presença de Haytham é significativa, pois amplia ainda mais o impacto que Shay teve na Ordem dos Templários, além de reforçar as ramificações dessa complexa guerra.
Ademais, Rogue se destaca por fechar alguns arcos narrativos deixados em aberto em Black Flag, como o destino de Adéwalé, o imediato de Edward Kenway que se tornou um Assassino e protagonizou a expansão “Freedom Cry”. Em Rogue, Shay acaba caçando vários ex-companheiros, inclusive Adéwalé, o que traz um peso emocional e uma sensação de fechamento para os fãs que acompanharam esses personagens em jogos anteriores.
A trama também prepara o terreno para os eventos de Assassin’s Creed Unity, lançando a base para o conflito Templário em Paris durante a Revolução Francesa. Assim, Rogue não é apenas uma história isolada, mas um elo importante dentro da narrativa da franquia, amarrando pontas soltas e enriquecendo a lore do universo Assassin’s.
Jogabilidade e inovações
Do ponto de vista da jogabilidade, Assassin’s Creed Rogue combina e aprimora várias mecânicas introduzidas em Black Flag. O jogo mantém o combate naval como um de seus pilares centrais, algo que foi extremamente popular em Black Flag. A embarcação de Shay, o Morrigan, é mais ágil e bem equipada para combates no gelo e em regiões mais árticas, o que adiciona novas dinâmicas de navegação e batalha. O cenário do Atlântico Norte é especialmente notável por suas paisagens frias, com icebergs, nevascas e geleiras, criando uma atmosfera tensa e imersiva durante as batalhas navais.
Além disso, o jogo introduz uma nova mecânica que coloca Shay contra Assassinos que agem nas sombras, assim como os próprios jogadores estavam acostumados a fazer em jogos anteriores. Agora, o jogador precisa lidar com o fato de estar sendo caçado, adicionando uma camada de tensão e estratégia ao gameplay. Os Assassinos inimigos podem emboscar Shay de forma imprevisível, obrigando o jogador a estar sempre alerta para detectar e neutralizar essas ameaças.
A transição entre exploração terrestre e combate naval é fluida, como em Black Flag, e continua sendo um dos maiores atrativos do jogo. O design do mapa permite que o jogador explore uma vasta gama de ambientes, desde a cidade de Nova York, que é um dos cenários urbanos mais importantes, até as ilhas geladas do Atlântico Norte e os vales florestais do rio Hudson. Essa diversidade de cenários contribui para que o jogo nunca pareça repetitivo, mantendo o jogador engajado com novos desafios em cada local.
Além das melhorias no combate naval, Rogue introduz novas armas e ferramentas que ajudam Shay em sua missão, como o rifle de ar comprimido, que pode disparar dardos de sono e granadas, dando ao jogador mais opções de furtividade. O jogo também mantém a jogabilidade clássica de combate em terra, com melhorias sutis que o tornam mais dinâmico e desafiador.
Por que Assassin’s Creed Rogue foi esquecido?
Mesmo com tantos pontos positivos, Assassin’s Creed Rogue nunca alcançou o mesmo nível de reconhecimento ou popularidade que outros títulos da franquia. Uma das razões mais óbvias para isso foi o timing do lançamento. Rogue foi lançado simultaneamente com Assassin’s Creed Unity em 2014, o que acabou ofuscando o game. Enquanto Unity prometia ser uma revolução gráfica e de jogabilidade para a nova geração de consoles, Rogue foi lançado exclusivamente para a geração anterior (PlayStation 3 e Xbox 360), o que automaticamente limitou sua base de jogadores. A maioria dos fãs estavam empolgados com Unity e focados na nova geração, deixando Rogue em segundo plano.
Além disso, a própria estrutura de Rogue foi vista por muitos como uma expansão ou reciclagem de Black Flag, o que pode ter contribuído para uma percepção inicial de que o jogo era apenas um “mais do mesmo”. Embora Rogue tenha aproveitado muitas mecânicas e conceitos de Black Flag, como o combate naval e a exploração, ele também trouxe inovações suficientes para ser considerado uma experiência única, especialmente em termos de narrativa e perspectiva.
Outro fator que pode ter contribuído para o esquecimento de Rogue foi a rápida evolução da franquia. Logo após seu lançamento, Assassin’s Creed passou por grandes mudanças com títulos como Syndicate e, mais tarde, Origins, que reformularam completamente a jogabilidade, introduzindo elementos de RPG e mudando o foco da série. Isso fez com que Rogue parecesse ainda mais uma relíquia de uma era passada da franquia.
O legado de Assassin’s Creed Rogue
Apesar de ser subestimado em seu lançamento, Assassin’s Creed Rogue começou a ganhar mais reconhecimento ao longo dos anos, especialmente após o relançamento em versões remasterizadas para consoles mais modernos, como PlayStation 4, Xbox One e PC. Esse relançamento permitiu que muitos jogadores que haviam ignorado o título em 2014 tivessem a oportunidade de redescobrir sua história e gameplay, levando a uma reavaliação positiva por parte da comunidade.
Hoje, Rogue é visto como uma peça importante dentro da saga Assassin’s Creed, especialmente por sua narrativa corajosa que desafia as expectativas dos jogadores ao colocá-los na pele de um Templário. A transição emocional e moral de Shay Cormac é um dos arcos mais bem escritos da série, e a maneira como o jogo costura elementos de outros títulos, como Black Flag e Assassin’s Creed III, o torna essencial para fãs dedicados da franquia.
Além disso, o jogo continua sendo uma das melhores representações do combate naval da série, oferecendo uma experiência refinada e desafiadora. O cenário gélido do Atlântico Norte e a introdução de novas mecânicas de caçada por Assassinos também são inovações que diferenciam Rogue de seus predecessores.
Assassin’s Creed Rogue pode não ter tido o impacto que outros títulos da franquia tiveram em termos de popularidade, mas sua importância dentro da saga Assassin’s Creed é inegável. Com uma narrativa ousada que coloca o jogador do lado dos Templários, um protagonista complexo e cativante, e uma jogabilidade que combina o melhor de Black Flag com inovações inteligentes, Rogue merece ser reconhecido como um dos melhores, ainda que esquecidos, jogos da franquia.
Para aqueles que amam a franquia e ainda não jogaram Assassin’s Creed Rogue, vale a pena dar uma chance a essa história, o game está disponível no Game pass e na PS Plus para os assinantes, e à perspectiva única que ela oferece. O jogo não apenas expande o universo Assassin’s Creed, mas também desafia as noções estabelecidas de bem e mal, heróis e vilões, tornando-se uma experiência singular dentro da franquia.