Os Fantasmas Ainda se Divertem é a continuação tão aguardada de um dos filmes mais icônicos da década de 80, “Beetlejuice”, lançado em 1988. Dirigido por Tim Burton, famoso por suas tramas excêntricas e visual gótico, o filme reúne o elenco original com Michael Keaton no papel do irreverente Beetlejuice, Winona Ryder como Lydia Deetz e Catherine O’Hara como Delia Deetz. Além deles, novas adições ao elenco, como Jenna Ortega (Astrid Deetz), Willem Dafoe (Wolf Jackson) e Monica Bellucci (Delores), prometiam dar fôlego à franquia. Mas será que a sequência conseguiu honrar o legado do original?
Uma História Desconexa e Superlotada
A trama gira em torno de Lydia Deetz, agora adulta, e sua filha Astrid, interpretada por Jenna Ortega. A relação entre mãe e filha está desgastada e elas se reúnem com a família para o funeral de um parente importante, o que serve como o pontapé inicial para revisitar cenários e personagens do filme de 1988. A partir daí, a história começa a se complicar. Beetlejuice, ao descobrir que sua ex-noiva Delores está por perto, tenta escapar de sua vingança, então o detetive Wolf Jackson surge com a missão de investigar o que está acontecendo no mundo dos mortos.
A maior crítica que pode ser feita à narrativa de Os Fantasmas Ainda se Divertem é sua confusão. Com muitos personagens aparecendo simultaneamente, o filme não dá espaço suficiente para desenvolver suas histórias de forma adequada. Delores, que tinha potencial para ser uma antagonista marcante, acaba sendo subutilizada, deixando o público com uma sensação de frustração. Wolf Jackson, por sua vez, aparece sem grande relevância para a trama principal, dando a impressão de que sua participação poderia ter sido facilmente descartada.
Beetlejuice Ainda Rouba a Cena
Apesar dos problemas com a narrativa, Michael Keaton brilha sempre que aparece como Beetlejuice. Seu carisma e as maluquices típicas do personagem garantem os momentos mais divertidos do filme, mantendo o espírito irreverente que conquistou tantos fãs no original. Contudo, essas aparições são esparsas, deixando o público querendo mais.
Astrid Deetz, personagem de Jenna Ortega, parece replicar muitos dos traços de sua mãe Lydia no primeiro filme, o que acaba criando uma espécie de “déjà vu”. Embora a relação entre mãe e filha seja o foco central da trama, ela não é explorada com a profundidade necessária para gerar a conexão emocional que o filme tenta alcançar. Lydia, por sua vez, aparece indecisa e perdida, em meio a crises pessoais e profissionais, o que traz reflexões pontuais, mas não é suficiente para resgatar o brilho da personagem.
Pontos Positivos: Visual e Humor
Tim Burton, como de costume, acerta na ambientação. O visual macabro e ao mesmo tempo fantasioso que marcou sua carreira continua presente. O design de produção é impressionante, evocando o mundo dos mortos com o estilo característico do diretor. Além disso, a trilha sonora complementa bem o clima, trazendo uma nostalgia dos anos 80.
O humor, apesar de irregular, apresenta alguns momentos geniais. As piadas, quando bem trabalhadas, trazem a leveza necessária para balancear a narrativa sombria. Entretanto, o excesso de personagens e tramas paralelas ofusca esses momentos, tornando a experiência geral menos envolvente.
Um Potencial Desperdiçado Os Fantasmas Ainda se Divertem
No geral, Os Fantasmas Ainda se Divertem tinha tudo para ser uma continuação de peso, mas tropeça em sua própria ambição. Ao tentar incluir muitos personagens e subtramas, o filme acaba sendo menos impactante do que seu antecessor. A falta de desenvolvimento dos novos personagens, em especial Delores, e o foco disperso da narrativa tornam difícil para o público se conectar com a história.
Aqueles que amaram o primeiro filme certamente encontrarão momentos de diversão, principalmente nas cenas em que Beetlejuice está em ação. No entanto, a expectativa de que esta sequência pudesse superar o original não se concretiza. Tim Burton entrega um filme visualmente atraente, mas com uma trama desequilibrada que impede “Os Fantasmas Ainda se Divertem” de atingir o potencial que poderia ter.