Monster Hunter sempre enfrentou o desafio de competir com as outras franquias icônicas da Capcom. Lançada em 2004, a série precisou se provar ao lado de títulos que já haviam se tornado gigantes no mundo dos games, como Resident Evil, Street Fighter e Mega Man. Estreando no mesmo ano que Auto Modellista e Resident Evil Outbreak, Monster Hunter foi parte de uma iniciativa da Capcom para explorar o então emergente modo multiplayer online, especialmente em consoles.
Apesar de uma estreia modesta, com cerca de 288 mil unidades vendidas e críticas mistas, o jogo começou a atrair atenção. Alguns críticos reconheciam seu potencial, e o modo multiplayer contribuía para tornar a experiência mais envolvente. Com o tempo, a Capcom foi ajustando os pontos criticados e adicionando novas funcionalidades, o que levou a série a explorar o mercado de portáteis, como o PSP e o Nintendo 3DS. Foi nesses dispositivos que Monster Hunter realmente se consolidou como uma marca forte, atingindo impressionantes 8 milhões de vendas com Monster Hunter 4 e 4 Ultimate — uma versão expandida e definitiva do mesmo jogo.
A grande virada veio quando, após 13 anos investindo em consoles portáteis, a Capcom decidiu trazer a franquia de volta para os consoles de mesa, com o objetivo de popularizar a série globalmente. Apesar de seu sucesso sólido no Japão, Monster Hunter ainda não competia diretamente com as outras franquias de renome da Capcom. Com Monster Hunter: World, a Capcom buscava conquistar o mundo — e hoje, faremos uma retrospectiva desse marco notável no legado da empresa.
Bem-Vindo ao novo mundo, caçador.
A premissa de Monster Hunter sempre foi simples, com a história funcionando quase como um pano de fundo: cace monstros, use suas partes — como escamas, peles e espinhos — para forjar armas e armaduras, e então enfrente criaturas cada vez mais poderosas. Normalmente, alguma criatura estaria perturbando o ecossistema, e era basicamente isso. O foco do jogo sempre esteve na experiência multiplayer e na adrenalina das caçadas. No entanto, para conquistar o público ocidental, a Capcom entendeu que precisava dar mais contexto à narrativa, criando pela primeira vez uma história com início, meio e fim que explicasse o porquê de o jogador caçar essas criaturas colossais.
No jogo, você assume o papel de um caçador habilidoso em diversas armas e técnicas de combate, preparado para lidar com as criaturas mais formidáveis do mundo, dos menores monstros aos mais ameaçadores. Conhecidos como Wyverns (ou “serpes” na localização em português), muitos desses monstros são caçados para preservar o equilíbrio do ecossistema. Mas existem também os Elder Dragons (“Dragões Anciões”), criaturas tão poderosas que sua presença representa uma ameaça à sociedade e que precisam ser eliminadas ou repelidas imediatamente.
Em Monster Hunter: World, a história segue a comissão de caçadores, uma divisão da guilda, na perseguição de um Elder Dragon chamado Zorah Magdaros, um monstro colossal com mais de 257 metros de altura, até o Novo Mundo — uma terra remota e pouco explorada devido à dificuldade de acesso. Ao chegar ao Novo Mundo, o jogador é introduzido às mecânicas do jogo e a uma aventura repleta de desafios e descobertas.
Monster Hunter World foi uma enorme surpresa
Monster Hunter: World foi uma surpresa estrondosa tanto para a Capcom quanto para o público. O jogo superou todas as expectativas, tornando-se o segundo título mais vendido da empresa, atrás apenas de Street Fighter II por cerca de três milhões de unidades — um número que pode diminuir com o lançamento de Monster Hunter Wilds, o próximo título da franquia. Esse sucesso é fruto da excelente adaptação que a Capcom fez para conquistar o público ocidental, mantendo a essência da franquia voltada ao público japonês.
O retorno de Monster Hunter aos consoles de mesa foi um passo importante, impulsionado pela geração do PS4 e Xbox One em plena atividade, além da estreia da série no PC. O jogo alcançou um pico impressionante de 334 mil jogadores simultâneos no PC, e ainda mantém uma média de 25 mil jogadores diários, com picos entre 65 a 70 mil, números expressivos para um título com seis anos de existência.
O sucesso de Monster Hunter: World se deve a uma série de fatores, com destaque para seu loop de gameplay cuidadosamente polido. Mesmo enfrentando o mesmo monstro repetidas vezes, cada batalha traz surpresas, tornando as caçadas imprevisíveis e únicas. O jogo também impressiona pelos gráficos e pelo ecossistema dinâmico, onde cada monstro segue uma rotina própria e o ambiente responde às ações do jogador. A possibilidade de compartilhar essa experiência com amigos tornou o jogo ainda mais popular e duradouro entre os fãs.
Em Monster Hunter: World, o jogador tem à disposição 14 tipos de armas — que funcionam como classes e podem ser trocadas a qualquer momento — e uma vasta variedade de builds e opções de personalização. Isso cria uma motivação constante para caçar monstros e experimentar novas estratégias, mantendo o engajamento mesmo após a conclusão da campanha principal, graças ao conteúdo endgame, planejado especialmente para ser explorado após o término da história.
Monster Hunter: World oferece uma grande variedade de criaturas para caçar, com um total de 36 monstros, incluindo 22 novos para a franquia. Cada monstro possui equipamentos exclusivos, fraquezas e comportamentos únicos, desafiando o jogador a estudar e respeitar as características de cada fera para garantir um abate bem-sucedido. O jogo também fornece diversas tecnologias e ferramentas para ajudar no combate, como armadilhas de choque e até desastres naturais que podem ser utilizados a favor do caçador, transformando o próprio cenário em uma vantagem estratégica.
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Os cinco mapas do jogo são visualmente impressionantes, com ecossistemas próprios, fauna, flora e monstros imponentes que surgem ao longo do caminho. Cada cenário é uma obra de arte que torna a exploração recompensadora e variada. A campanha, que leva entre 30 a 45 horas para ser concluída, consegue manter o jogador entretido o tempo todo, um verdadeiro marco de qualidade para a Capcom, que se reflete em lançamentos futuros.
Monster Hunter World – Iceborne: A expansão que engradeceu a experiência
Em setembro de 2019, quase um ano após o lançamento do jogo base, Monster Hunter World recebeu uma expansão intitulada Iceborne, que adicionou novos monstros, totalizando agora 71 criaturas para caçar, além de uma nova história que dá continuidade aos eventos anteriores e uma área inédita. À primeira vista, a expansão poderia parecer limitada em relação ao preço de lançamento, mas Iceborne rapidamente prova ser uma adição essencial, aprimorando a jogabilidade com novas mecânicas e conteúdos bastante apreciados pelos jogadores.
O jogo originalmente apresenta missões divididas entre ranque baixo e ranque alto. Com Iceborne, é introduzido o Ranque Mestre, que aumenta significativamente a dificuldade em troca de recompensas maiores. Todos os monstros do jogo base ganham versões de Ranque Mestre, com novos ataques e comportamentos, além de serem realocados de forma inesperada pelos mapas, o que adiciona um elemento de surpresa ao ecossistema já familiarizado pelos jogadores ao longo de um ano.
Além disso, todos os equipamentos e ferramentas do jogo base recebem melhorias para acompanhar as novas dificuldades, e a Capcom decide trazer algumas das ameaças mais temidas da franquia: os Black Dragons (Dragões Negros, na localização em PT-BR), uma subcategoria dos Elder Dragons ainda mais perigosos. Esta adição desafia a comunidade de Monster Hunter, uma das mais unidas, a se reunir e ajudar uns aos outros a vencer esses novos e intensos desafios.
Monster Hunter World: Iceborne, apenas como expansão, vendeu 18 milhões de unidades, um número impressionante para uma franquia que começava a ganhar atenção mundial. Esse sucesso o coloca como o terceiro título mais vendido da história da Capcom, atrás apenas do jogo base Monster Hunter World e de Street Fighter II. Para qualquer jogador que busque uma experiência de caça emocionante, especialmente com amigos, Iceborne é uma recomendação indispensável e está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 (via retrocompatibilidade), Xbox One, Xbox Series X/S (via retrocompatibilidade) e PC (Steam).