Pode-se dizer que Astro Bot é a versão completa da tech demo lançada junto com o PlayStation 5, em 2020. Todos os consoles da 9ª geração da Sony já chegam de fábrica com o jogo instalado, e ele pode ser baixado a qualquer momento da PlayStation Store. Agora, Astro precisa recuperar seus amigos Bots que somem pela galáxia após o ataque de um alienígena, que também fez soltar componentes importantes da nave mãe dos Bots: o próprio console atual da PlayStation.
Vamo pulá, vamo pulá, vamo pulá!
Astro Bot é um platformer 3D, com uma gameplay muito parecida com o que já foi mostrado em Astro’s Playroom: com o quadro ele dá socos, segurar o quadrado faz com que ele carregue um ataque de ficar girando no maior estilo Crash Bandicoot, apertar o X faz com que ele pule e segurar o botão o fará planar por alguns segundos, com a luz que sai de seus pés podendo ser usada contra os inimigos também.
O jogo é dividido entre 5 galáxias, cada uma com vários mundos, que são as fases de Astro Bot. As fases possuem vários temas, com algumas sendo de selva, outras de praia, neve, e até mesmo alguns temas mais específicos em relação às franquias do PlayStation. Dependendo da fase, Astro terá equipamentos para ajudá-lo a superar os desafios, como uma mochila à jato em formato de cachorro, um equipamento que parece um macaco que permite com que ele agarre pedras para arremessar nos outros e escale coisas, e até mesmo um dispositivo para desacelerar o tempo.
Astro Bot começa como um jogo bem fácil, mas sua dificuldade vai escalando conforme você avança no jogo, com fases extra que são bem desafiadoras. As fases são criativas, tanto nos desafios a serem vencidos, quanto no visual e interatividade com o cenário. E o jogo te incentiva a caçar cada cantinho atrás dos Bots perdidos e de peças de quebra-cabeça para desbloquear coisas no planeta onde os companheiros ficam aguardando o conserto da nave.
Tem ainda muitas surpresas que eu definitivamente não comentarei por motivos de spoiler!
Que grupinho colorido
Astro Bot é o tipo de jogo que continua a reforçar o meu gosto por gráficos estilizados em comparação a gráficos realistas. O jogo é lindo, extremamente colorido e principalmente: uma graça. A iluminação é muito bem feita, e você vê o cuidado dos desenvolvedores a cada folha de grama ou de árvore, sem contar determinadas coisas no cenário que tem interação, por exemplo: a neve na qual Astro deixa um rastro por onde passa, ou as pedras preciosas de um tesouro pirata que precisam ser afastadas para você encontrar um indicador de uma passagem secreta.
I am Astro Bot! Tutututu Astro Bot!
A trilha sonora do jogo, além de gostosa, é muitas vezes genial. A música do menu inicial já te dá um gostinho, com uma das músicas tema mais chiclete dos últimos anos dentro da indústria, várias vezes eu me peguei dançando com o controle na mão enquanto ela rolava. Mas além da trilha sonora gostosa das fases originais, a Team Asobi consegue te divertir ao mexer nas músicas de grandes franquias do PlayStation.
Por exemplo, em um determinado momento, a trilha sonora vira uma mistura da música tradicional dos God of War no arco da mitologia nórdica, com um remix mais alegre e que mistura uma voz mais grossa e robótica falando a icônica palavra que marcou o vencedor do Jogo do Ano de 2018: “boy”.
A acessibilidade dos Bots
Astro Bot conta com poucas opções de acessibilidade, que focam principalmente no controle da câmera, permitindo com que você resete a posição dela ao apertar o círculo, a opção de desligar o giroscópio do controle, que é frequentemente usando durante o jogo, principalmente para controlar o DualSense voador de Astro, e substituir pelo analógico. E por último, um auxílio visual para certos elementos do jogo, como, por exemplo, os que apenas seriam identificados pela vibração no controle.
Vale a pena comprar Astro Bot?
Assim como Deadpool & Wolverine foi uma grande homenagem ao universo Fox da Marvel, Astro Bot é uma grande homenagem ao PlayStation, inclusive, é curioso que ambos tenham saído dentro de uma curta janela de tempo. Muitos podem achar que por conta dos gráficos cartoonizados Astro Bot tem como público alvo as crianças, mas pela sua enorme quantidade de referências desde os tempos do primeiro PlayStation, é óbvio que a experiência completa do jogo vem para os adultos. A nostalgia bate forte em diversos momentos, e confesso que teve alguns momentos de pura alegria que me fizeram voltar aos tempos de criança, quando eu jogava Spyro 2: Ripto’s Rage.
Alguns podem considerar o jogo muito curto, levando em torno de 15 horas para completar todas as fases e obter todos os Bots do jogo. Para conseguir a platina, deve ficar em torno das 20 horas de jogo, talvez até um pouco mais. Geralmente é a duração média de um platformer que não tenta inchar a própria duração colocando vários coletáveis desnecessários, e eu prezo mais pela qualidade geral do que tempo de jogo inflado por besteirinhas.
Alguns detalhezinhos bobos podem ser melhorados para uma continuação, como a dificuldade do jogo, que é extremamente baixa nas primeiras fases, e uma maior utilização do DualSense voador de Astro, que é um pouco desperdiçado no jogo. Algumas fases poderiam incluir um total controle do veículo e ser focada em sua utilização. Isso não diminui o brilho, nem a diversão e muito menos a plena sensação de felicidade que jogar o título traz ao jogador, com muita qualidade e, principalmente, sem bugs.
Em resumo, Astro Bot não é um jogo para crianças, é um jogo para adultos que não se permitiram abandonar a sua criança interior.