Quando The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom foi anunciado, como fã da série, fui surpreendido ao saber que teríamos mais um título para o Nintendo Switch. No entanto, o que realmente me pegou de surpresa foi a confirmação de que, desta vez, a protagonista seria a própria princesa Zelda. Mas será que um jogo com Zelda no papel principal consegue manter o alto nível de qualidade que caracteriza essa icônica franquia? Vamos descobrir juntos nesta review.
A Jornada da princesa Zelda
The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom começa sem muita enrolação. Logo no início do jogo, assumimos o papel do espadachim Link e precisamos salvar a princesa Zelda, que foi sequestrada por um monstro azul. Traçamos nosso caminho por uma curta dungeon, muito semelhante às do remake de Link’s Awakening. Não demora até encontrarmos e salvarmos Zelda.
Contudo, as coisas rapidamente saem do controle quando Link é capturado por uma fenda que se abre repentinamente sob seus pés. Em meio ao caos, Zelda consegue se libertar e fugir do local onde estava presa, dirigindo-se a Hyrule para retornar ao seu pai, o rei, e contar o que está acontecendo, além de discutir como poderiam resgatar esse espadachim misterioso (visto que Zelda e Link ainda não se conhecem neste jogo).
O rei junto com sua conselheira e o general, começa a traçar um plano para ajudar todo o reino, que tem sido fortemente afetado pelas fendas, causando a chegada de monstros e o desaparecimento de muitos de seus moradores em toda Hyrule. No entanto, o mesmo trio é tragado por uma fenda que se abre no castelo. Preocupada, Zelda tenta agir, mas nesse momento, cópias malignas dos personagens emergem da fenda, ordenam que ela seja presa para ser executada e então o mal toma conta do reino.
Presa no calabouço do castelo, à espera de sua execução, a princesa Zelda logo percebe a presença de Tri, uma entidade que aparentemente veio de outro mundo e que, junto com seus amigos, é capaz de fechar as fendas que surgiram por todo o reino. Tri decide ajudar Zelda a fugir, enquanto a princesa promete resgatar os amigos de Tri para que, juntos, possam fechar as fendas e salvar todo o reino de Hyrule.
A história, apesar de simples, é extremamente bem contada, principalmente por meio dos personagens. O elenco é grande, variado e composto por personalidades únicas que cativam bastante. A própria Tri, que serve como nossa porta-voz e guia, é extremamente carismática. Fiquei realmente impressionado com a atenção dada ao desenvolvimento dessa narrativa, o que considerei excelente.
Aventure-se como uma princesa!
Mas então, como é jogar como uma princesa? Preciso admitir: é extremamente divertido. Os pilares da jogabilidade em torno da princesa estão atrelados a Tri, que fornece um cajado capaz de copiar itens, gerando os chamados Ecos. Esses Ecos podem ser conjurados a qualquer momento, e sua variedade é impressionante, indo desde móveis, como camas e mesas, até inimigos, como tubarões e múmias.
A grande variedade de Ecos é um dos pontos fortes do jogo, principalmente pela ênfase em seu uso multifuncional, baseado na criatividade do jogador. Esse é um elemento-chave da jogabilidade. Precisa recuperar corações? Crie uma cama e deite-se nela para recuperar gradualmente sua vida. Precisa alcançar um local alto? Construa uma escada com mesas. Quer passar por corvos assassinos? Crie um Eco de carne para distraí-los. A variedade é colossal: no total, temos 127 Ecos com diferentes aplicações e tudo depende da criatividade do jogador.
Além disso, ao longo da aventura, enfrentamos clones malignos do Link. Ao derrotarmos o primeiro, ganhamos acesso à espada do personagem, e com ela podemos nos transformar temporariamente em Link, utilizando seus golpes de espada, escudo, arco e flechas, e bombas. Esses ataques são fundamentais para o combate, especialmente contra chefes.
Estrutura da Campanha
A campanha de The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom dura entre 15 e 25 horas, dependendo do quanto você explora o mundo aberto. Sim, o jogo é ambientado em uma Hyrule de mundo aberto, repleta de missões paralelas, áreas para explorar, inimigos para derrotar, baús e Ecos para conquistar. Devo admitir que essa abordagem me pegou de surpresa, mas fiquei bastante satisfeito com a forma como a campanha é conduzida.
Na busca por fechar as fendas, viajamos por diversas regiões icônicas, como o clássico deserto de Gerudo e as montanhas de Faron. Cada uma dessas regiões possui sua própria saga: uma pequena história que se desenrola com os personagens e situações locais, envolvendo uma série de missões e objetivos que precisamos completar antes de podermos acessar a fenda principal.
Na fenda principal, encontramos uma dungeon propriamente dita, ao estilo clássico, com várias salas, tesouros, inimigos e puzzles pelo caminho. Para superar esses desafios, o jogador pode utilizar uma mistura de mecânicas com os Ecos e suas interações ou se transformar em Link e derrotar inimigos com golpes de espada. Ao final da dungeon, enfrentamos o chefe da área e, assim, progredimos para a próxima região.
O que realmente chama atenção é o percurso entre uma área e outra. No caminho, encontramos uma série de atividades rápidas e altamente recompensadoras. É super divertido e cativante explorar cada cantinho do jogo, tornando a jornada ainda mais envolvente.
Sistemas e progressão
Não espere encontrar mecânicas extremamente complexas de personalização ou builds em The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom. A principal forma de progressão vem dos Ecos, que nos permitem enfrentar desafios de maneiras variadas.
Além disso, há uma série de acessórios que podemos equipar, oferecendo habilidades passivas, como a chance de encontrar mais corações ao derrotar inimigos ou coletar mais ingredientes. Também podemos desbloquear diferentes capas e visuais para personalizar a princesa da maneira que preferirmos. No entanto, a progressão principal da personagem está ligada à coleta de fragmentos de coração, que, ao completar um coração, aumentam sua vida total. Também há pedras chamadas Poderídio, que podem ser usadas para aumentar o dano da espada quando nos transformamos em Link ou para prolongar a duração dessa transformação.
Um dos sistemas mais interessantes é a possibilidade de preparar sucos misturando os ingredientes encontrados ao longo do jogo. De combinações como manga com leite até algas com uva, os sucos formam diferentes misturas com variados efeitos, que ajudam Zelda em sua aventura.
Aspectos técnicos e performance
O aspecto técnico é um tema bastante complicado, já que estamos falando do Nintendo Switch, um console com 7 anos de vida útil, lançado com um hardware que, na época, já era considerado defasado. Por isso, é importante destacar que há leves problemas de performance, como quedas na taxa de quadros por segundo durante a exploração do mundo aberto. Embora a frequência dessas quedas seja irregular, no geral, elas não me incomodaram.
Em termos de gráficos, a direção de arte segue o estilo de The Legend of Zelda: Link’s Awakening. Embora essa não seja exatamente a opção favorita dos fãs dos Zeldas em 3D, eu apreciei bastante sua aplicação. Os visuais são cativantes e não limitam o jogo, que brinca com diferentes perspectivas para introduzir novos desafios, como em salas onde a visão muda para um estilo 2D. No geral, achei os gráficos bonitos e reconfortantes.
A trilha sonora se mantém em uma zona de conforto, trazendo músicas clássicas da saga Zelda e sons icônicos presentes em todos os jogos da série. No entanto, o destaque vai para o tema principal do jogo, que é uma excelente composição, cativando e conquistando os jogadores ao longo da exploração. É importante destacar também que o título conta com legendas em português do Brasil e um excelente trabalho de localização. O jogo inclui expressões típicas brasileiras e muitas outras características únicas da nossa língua, o que enriquece ainda mais a experiência.
Vale a pena comprar The Legend Of Zelda: Echoes Of Wisdom?
Com certeza! O título é extremamente cativante e divertido tanto para crianças quanto para adultos. O jogo tem potencial para mantê-lo envolvido, já que nenhum de seus puzzles, chefes ou missões se estende por tempo demais. O jogador está sempre buscando e fazendo algo novo que, com certeza, será recompensador. A variedade de Ecos e as diferentes possibilidades de solução de problemas também encantam e tornam a experiência ainda mais divertida. Não deixe de conferir também a nota do game no OpenCritic.
A equipe da Manual dos Games agradece imensamente à Nintendo por nos fornecer uma cópia de The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom para esta análise.